Eu queria ter coragem de escrever como se jamais fosse ser lida. Coragem de falar sem tantas metáforas, sem esse vício insistente da estética e da literatura, falar do que sufoca. Falar o que calo enquanto o carro faz a curva no sol escaldante do meio-dia. Falar, talvez, de como vejo tudo ao meu redor. Falar do que se fez e se faz ausente. Do que já não compartilho com ninguém por parecer por alguns segundos que sou o único ser vivente nesse mundo tão grande. Falar do falar, falar por falar. Ser e ter necessidade, de escrever de ser objeto, imagem, espelho. Ser necessidade de ter e ter necessidade de ser.
De jogar com as palavras...